
Os documentos fazem parte de um grande acervo de mensagens que Fontes guardou para a posteridade. Em 1966 ele revelou a existência desse arquivo para o repórter Glauco Carneiro, da revista O Cruzeiro, mas o conteúdo dessas mensagens permaneceu desconhecido, por iniciativa do próprio Fontes.
Em 1967 o ex-ministro de Vargas morreu e confiou a guarda dos bilhetes ao ex-governador de Sergipe, Lourival Baptista, solicitando que as mensagens só fossem tornadas públicas depois de 40 anos. Expirado o “período de quarentena”, o filho do sergipano Lourival Baptista, o psiquiatra Francisco Baptista Neto, finalmente mostrou ao jornalista Marcos Strecker, da Folha, os bilhetes de Getúlio. Trata-se de uma documentação importante justamente porque ajuda os pesquisadores a conhecerem melhor um Vargas distante dos estereótipos construídos em torno de sua figura.
O Getúlio que surge desses bilhetes não é o personagem mítico criado pela propaganda do Estado Novo nem o caudilho autoritário pintado por seus adversários. É o administrador público eleito democraticamente, despachando assuntos do cotidiano, longe dos holofotes. O fato de se tratarem de mensagens privadas, que não tinham qualquer intenção de propaganda, talvez ajude os pesquisadores a compreender melhor essa figura ambígua que ainda desperta paixões entre as mais variadas correntes ideológicas.
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